Filmes e Novelas

Chico Xavier O Filme

Chico Xavier é uma adaptação para o cinema que descreve a vida do médium brasileiro Chico Xavier, que viveu 92 anos (1910-2002), sua atividade mediúnica e filantrópica. O filme descreve uma vida conturbada com lutas e amor. Chico Xavier psicografou mais de 400 livros.

Desde criança, Chico Xavier (Matheus Costa) ouvia vozes e via pessoas que já tinham falecido. Seus relatos eram sempre desacreditados, sob a justificativa que eram sua imaginação ou obra do demônio. Ao crescer, ele (Angelo Antônio) passa a usar seu dom para psicografar cartas. Logo se torna um ícone em sua cidade natal, despertando a ira do novo padre (Cássio Gabus Mendes) e acusações de ser uma fraude, já que publica livros de pessoas famosas que já tinham morrido. Já envelhecido, Chico (Nélson Xavier) participa do programa de TV "Pinga-Fogo", onde fala sobre sua trajetória de vida e questões do espiritismo. Através dele conhece Orlando (Tony Ramos), diretor de imagem do programa, que é ateu. Ele e sua esposa Glória (Christiane Torloni) sofrem devido a perda do filho, Tomás, morto quando ele e um amigo brincavam com uma arma encontrada. Agora o casal precisa decidir se irá agir no processo que pode condenar o responsável pela morte de Tomás.

Reencenada, a entrevista dada ao serve de fio condutor da narrativa do filme. Mas a versão ficcional não resiste à comparação com a original, minando a credibilidade da encenação, num estranho ato de autosabotagem.

Quem assistir ao filme dirigido por Daniel Filho até o fim poderá ver, incluídos com os créditos rotativos finais, trechos da entrevista de Chico Xavier, dada ao programa Pinga Fogo, da TV Tupi, em 1971. É verdade que a entrevista está disponível em DVD e no YouTube, tornando desnecessário ver todo Chico Xavier só para isso. De qualquer modo, o que se vê na entrevista é uma pessoa simples e bem humorada, distante das interpretações graves e atormentadas de Ângelo Antonio e Nelson Xavier. 

Fica claro o papel dos jornais, da revista O Cruzeiro e da TV na criação do mito Chico Xavier, mas o propósito do filme ir ao encontro da expectativa dos espíritas. Por convicção ou oportunismo comercial, Chico Xavier pretende convencer os incrédulos mais renitentes.
Em um filme sobre mediunidade, não cabe cobrar verossimilhança. Mas toda a sequência final, em que Chico Xavier entrega carta ao diretor de TV com quem não tivera nenhum contato anterior, além de mal feita, descamba para a mais pura demagogia. Morto por um tiro, a carta do filho do diretor de TV, supostamente com assinatura semelhante à dele, além de consolar os pais, é aceita pela Justiça, servindo para absolver o amigo acusado de assassinato. Nesse lance, biógrafo, roteirista e diretor jogam para a plateia espírita de forma lamentável.